Cannabis and Health

A História do Cânhamo: da antiguidade à modernidade

O cânhamo é uma das plantas mais antigas e versáteis cultivadas pela humanidade. Muito antes de se tornar um tema de conversa nos dias de hoje, seja por motivos industriais ou pela crescente popularidade do CBD, o cânhamo já desempenhava um papel fundamental em várias civilizações. A sua história é rica, repleta de usos, curiosidades e até controvérsias.

As origens do cânhamo

A história do cânhamo remonta há mais de 10.000 anos, com registos do seu cultivo no que hoje conhecemos como a China e Taiwan. Ali, a planta do cânhamo era usada principalmente pelas suas fibras resistentes, ideais para produzir tecidos, cordas, calçado e até papel. De facto, acredita-se que os primeiros papéis da história foram feitos a partir de cânhamo.

A planta começou por ser cultivada por motivos puramente práticos. A sua rapidez de crescimento, resistência e versatilidade tornaram-na ideal para civilizações agrícolas que procuravam alternativas económicas e sustentáveis. Com o tempo, o seu cultivo alastrou-se pelo Médio Oriente, Europa e, mais tarde, pelas Américas.

Cânhamo na antiguidade e na Idade Média

Durante séculos, o cânhamo foi essencial para o desenvolvimento de muitas culturas. Os egípcios usavam-no na produção de tecidos e os gregos já reconheciam algumas das suas propriedades medicinais. No Império Romano, o cânhamo era utilizado para fazer velas, redes e vestuário para soldados.

Na Idade Média, especialmente na Europa, o cânhamo tornou-se uma matéria-prima estratégica. Os navios das grandes descobertas marítimas portuguesas e espanholas eram equipados com velas e cordas feitas desta planta. A sua importância era tanta que, em várias regiões, o cultivo de cânhamo era obrigatório por lei.

O cânhamo no Novo Mundo

Com a chegada dos europeus às Américas, o cânhamo também atravessou o oceano. Foi cultivado em larga escala nos Estados Unidos, sendo usado para produzir papel, tecido, óleo e cordas. George Washington, por exemplo, era conhecido por plantar cânhamo nas suas terras.

No entanto, apesar da sua utilidade, o cânhamo viria a enfrentar um período sombrio na sua história — principalmente a partir do século XX.

A proibição e a confusão com a canábis psicoactiva

Durante o século XX, com o avanço das políticas de proibição da canábis, o cânhamo acabou por ser injustamente associado à marijuana. Apesar de serem da mesma espécie (Cannabis sativa), o cânhamo contém níveis muito baixos de THC, o composto psicoativo da canábis. Mesmo assim, os receios e a falta de informação levaram à proibição do seu cultivo em muitos países, incluindo Portugal.

Foi um período marcado por censura, estigma e perda de conhecimento tradicional. Muitas pessoas deixaram de distinguir o cânhamo industrial da canábis recreativa, o que impediu o seu uso em sectores como o têxtil, a cosmética, a alimentação ou a construção.

O renascimento do cânhamo

Nas últimas décadas, o cânhamo voltou a ganhar o seu lugar no mundo moderno. Com o aumento da consciência ambiental e a procura por soluções mais sustentáveis, esta planta tem sido redescoberta como uma matéria-prima ecológica e multifuncional.

Hoje, o cânhamo é utilizado para produzir:

  • Têxteis resistentes e biodegradáveis

     

  • Papel mais sustentável que o produzido a partir de árvores

     

  • Materiais de construção, como o “hempcrete” (cimento de cânhamo)

     

  • Cosméticos naturais, como sabonetes, cremes e óleos

     

  • Produtos alimentares, como sementes, farinhas e óleos ricos em ómega-3

     

  • Suplementos de CBD, com aplicações no bem-estar físico e mental

     

Em Portugal e no mundo, há um número crescente de marcas, como a CBWEED, que promovem o uso responsável e consciente do cânhamo, contribuindo para desmistificar o passado e mostrar o seu verdadeiro valor.

O futuro do cânhamo

O renascimento do cânhamo é também um símbolo de mudança: mudança de mentalidades, de hábitos de consumo e de respeito pela natureza. Com o avanço das legislações e a valorização do conhecimento ancestral, espera-se que o cânhamo continue a desempenhar um papel fundamental num mundo mais verde, consciente e equilibrado.

Enquanto sociedade, temos a responsabilidade de olhar para o passado, aprender com os erros e abraçar o potencial do cânhamo como uma planta com história, utilidade e futuro.

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